ESTRATAGEMA
Com uma luz tão gloriosa derramada em seu caminho, o Movimento da Reforma, que permaneceu firme aos antigos princípios estabelecidos, abriu caminho não apenas na Europa mas também em outras regiões. Como aumentou em membresia e influência, a liderança da grande Igreja Adventista do Sétimo Dia reuniu-se em Gland, Suíça, em 2 de janeiro de 1923, para debater sobre o problema da guerra e também para encontrar alguns meios para impedir o rápido crescimento do Movimento da Reforma. Como não encontraram meios de corrigir o problema que levou o surgimento do Movimento da Reforma, os líderes adventistas valeram-se de um estratagema. Em uma aparente confissão, condescenderam em dizer: “Na paz e na guerra, rejeitamos participar em atos de violência e derramamento de sangue.”
A EXPRESSÃO DE FALSA LIBERDADE
Se tivessem deixado o assunto neste ponto, como uma declaração positiva, teria havido esperança de resolver o cisma na organização. Porém a atitude anterior persistia sob outra formulação: “Mas concedemos a cada um dos membros absoluta liberdade para servir ao seu país, em todos os momentos e em todos os lugares, segundo os ditames da consciência de cada um.” – Gland, Suíça, 2 de janeiro de 1923 (ênfase nossa).
Isto, na nossa opinião, é o mesmo que dizer, não acreditamos na guerra, mas faça o que a sua consciência lhe disser! Novamente, são introduzidos os enganos traiçoeiros de uma liberdade de consciência que viola o dever e a obediência à lei de Deus. Esse estratagema trouxe ainda mais confusão, além de qualquer imaginação. Além disso, foi, para dizer o mínimo, uma admissão de que eles erraram quando enviaram os nossos irmãos para a guerra em 1914. Mas agora, em vez de confessarem este terrível engano àqueles que sofreram as conseqüências até mesmo ao ponto de serem excluídos da igreja, concordaram em um conselho particular sobre este nova posição enganosa. Esta declaração levou todas as marcas de uma falsa confissão provocada por causa dos resultados da apostasia deles. Os reformistas foram então forçados a rejeitar esta nova posição desde que ela não restaurava a posição fiel e legítima deles nem trazia o padrão bíblico.
NENHUMA MUDANÇA REALIZADA
Além de tudo isto, a nova posição não se realizou por meio de nenhum governo ou declaração como uma emenda às declarações anteriores, como é evidentemente revelada em uma resposta recebida em inquérito. Citamos o breve excerto a seguir de uma carta datada de 30 de dezembro de 1927, do Ministério das Forças Armadas em Berlim, Alemanha, endereçada ao Quartel-General da Escandinávia do Movimento da Reforma em Copenhaque, Dinamarca:
“Incluídos nos arquivos do Ministério das Forças Armadas está o manuscrito de 6 de agosto (não 4) de 1914, assinado por H. F. Schuberth. ... “Mudanças ou emendas ao manuscrito de 6 de agosto de 1914, não foram aceitas.” (ênfase nossa). Ser-lhe-á mais claro o que isto significa depois.
Os jovens adventistas foram ainda convocados como soldados na ativa prontos para o combate; e o documento Gland que informava que rejeitavam “participar em atos de violência e derramamento de sangue”, realmente não foi digno de crédito. Os nossos temores a este respeito foram justificadas como mostraremos a seguir.
PROVA NO. 2: DESENVOLVIMENTOS
Enquanto os países europeus estavam ainda resolvendo o encontro sangrento de 1914-1918, e ainda estavam sendo pressionados pelas indenizações exigidas pelo Tratado de Versalhes às vítimas, um político estava surgindo e levando vantagem da situação humilhante com o objetivo de atrair as nações para um outro conflito fatal. O “Furher”, Adolfo Hitler, sob falsa pretensão e com um zelo nacional fanático, criou uma fantástica máquina militar com poder extraordinariamente fatal. Suas primeiras manobras arrojadas obtiveram sucesso reunindo a nação alemã ao seu redor em uma unidade satânica e cada vez mais as nações aliadas amargaram um cerco terrível. Neste entusiasmo selvagem, a religião foi esquecida e foi substituída pela idolatria nacionalista. “Heil Hitler!” tornou-se a saudação comum (De fato, “Salvação em Hitler”).
PROSCRIÇÃO E ESQUECIMENTO
Este Movimento da Reforma foi logo colocado em risco. Nossa posição positiva contra a violência e o derramento de sangue, além da observância do dia de descanso idêntico ao dia de descanso dos judeus, que foram adversários declarados de Hitler, naturalmente sofreu provações e perseguições. Não demorou muito até que os fatos começassem a ocorrer. O Movimento da Reforma foi declarado como inimigo do Estado e publicamente proscrito pelo edito de 28 de fevereiro de 1933, No. 1; e em 29 de abril de 1936, foi oficialmente proscrito e toda propriedade confiscada. Voltaremos ao assunto depois.
100% A FAVOR DE HITLER
O Adventobe (O Mensageiro Adventista), órgão oficial da Igreja Adventista Alemã, de 1 de janeiro de 1937, mostrava os estudantes do ministério Adventista em Friedensau alinhados em uniformes nazistas em frente ao seminário enquanto oficiais do governo os inspecionavam. Foi declarado: “Friedensau pertence àquelas comunidades que têm votado 100 % favorável ao Fuhrer.” Um ex-presidente da Conferência Geral (o pastor C.H.Watson – 1931) até mesmo respondeu uma pergunta ao dizer: “Podemos louvar a Deus por temos o governo atual. Hitler recebeu o seu poder de Deus.”
Temos toda uma série de declarações das publicações oficiais dos Adventistas do Sétimo Dia que revelam que os líderes da Igreja Adventista elogiaram Hitler como uma dádiva dos céus. Embora estes líderes estivessem um tanto sob pressão no princípio, uma enfermeira adventista (Hulda Jost), que conhecia Hitler pessoalmente, intercedeu por eles.
Como conseqüência, as igrejas permaneceram abertas em uma base de acordo; mas isto foi raramente mantido. A Igreja Adventista uniu-se pela Segunda vez com “os reis da terra”em total apostasia, lutando e morrendo a favor de Hitler e seus guerreiros.
Declarações em documentos adventistas, tais como esta a seguir, demonstram a triste tendência: “Estamos agora no meio de um tumulto de eventos de mudanças de amplidão mundial. Uma grande época deve encontrar um grande homem ... Portanto, não somente nos submetemos de boa vontade mas também com muito prazer realizaremos cada trabalho requerido. Para aqueles que perderam suas vidas nesta realização podemos citar as palavras de Jesus: ‘Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos.’ (João 15: 13). Lembremo-nos de todos os homens que lutam e especialmente nossos irmãos, que estão preparados para arriscar as suas próprias vidas pela terra natal e por aqueles que são deixados para trás. Vamos também orar a favor do Fuher e seus associados.” – Adventobe, 1 de outubro de 1939.
O Espírito de Profecia previu que a liderança manifestaria os sentimentos acima:
“Há uma perspectiva diante de nós de um conflito continuado, risco de encarceramento, perda de propriedade, e até mesmo da própria vida, para defender a lei de Deus, que é anulada pelas leis dos homens. Nesta situação de política mundial exige-se uma condescendência exterior com as leis da terra, a favor da causa da paz e da harmonia, e há alguns que até mesmo citam o conselho da Escritura: 'Todos devem sujeitar-se às autoridades governamentais, pois não há autoridade que não venha de Deus; as autoridades que existem foram por ele estabelecidas.'” – Testimonies, vol. 5,p.712.
Isto foi o que aconteceu durante a Segunda Guerra Mundial, enquanto a irmã White previra o que aconteceria depois: “um pouco tempo de paz”:
“Uma vez mais os habitantes da terra foram apresentados diante de mim; e novamente tudo estava na mais extrema confusão. Lutas, guerra, e matança, com fome e pestilência, assolação em toda parte.” – Testimonies, Vol. 1, p. 268.
A ESCOLHA DO POVO DE DEUS
Lembremos a clara declaração em Testimonies, Vol. 9, p. 17, que declara:
“Provas e provações assustadoras aguardam o povo de Deus. O espírito da guerra está agitando as nações de uma parte a outra da terra. Contudo no meio da hora da tribulação que vem - um tempo de tribulação como nunca houve desde que há nação – o povo escolhido de Deu suportará a prova.” (ênfase nossa).
O fato que permanece é este: nas duas provas e tribulações rigorosas a nominal Igreja Adventista do Sétimo Dia falhou completamente. Apostataram. Contudo, desde que foi dito: “ O povo escolhido de Deus suportará a prova,” é óbvio que haveria um remanescente que “SUPORTARÁ A PROVA”. São chamados “O povo escolhido de Deus”, indicando que Deus os tem escolhido, o Remanescente escolhidos da grande apostasia, para serem seu povo. A esta escolha o profeta Oséias apontou ao dizer: “... tratarei com amor aquela que chamei Não amada. Direi àquele chamado Não-meu-povo: Você é meu povo; e ele dirá: ‘Tu és o meu Deus’” Oséias 2:23.
PERMANECERÃO IRREMOVÍVEIS
Voltemos agora mais uma vez para o grupo minoritário de membros fiéis, proscritos e esquecidos pelo decreto nacional. Qual o preço que pagaram? Entraram para a história manchados pelo sangue dos mártires que enfrentaram a prisão, tortura e até mesmo a morte, em vez de desonrarem o seu Deus e a sua santa lei. Sim, muitos foram lançados em prisão e um grande número selaram suas convicções com o seu próprio sangue. Escreva-nos para receber o livro And Follow Their Faifh! (E Seguiram a Sua Fé!) descrevendo suas experiências. Provaram-se “fiéis até a morte”, e há uma coroa da vitória esperando por eles. Louvemos ao Senhor por estes firmes defensores da verdade neste Movimento da Reforma. Na verdade, foram verdadeiros na sua fé. Estes são exemplos dignos para seguirmos no último teste da lei dominical, que surge agora diante do povo de Deus. Provar-nos-emos fiéis, querido estudante? Que Deus nos conceda esta bênção!
A CORREÇÃO DE UMA FALSA EXPECTATIVA
Um enorme problema permanece sem resposta. Você pode perguntar: “Você intenciona abalar a nossa confiança nos irmãos líderes do adventismo com estas lições?
Você pode relembrar que na Lição 4 enumeramos muitos apelos a favor de uma reforma. Portanto uma reforma era obviamente adequada. Mas ela começaria com a liderança, a qual estamos propensos a observar? Ouça o conselho divino:
“O Senhor freqüentemente opera onde menos pensamos; Ele nos surpreende pela revelação do Seu poder por meio de instrumentos de sua própria escolha, enquanto Ele passa pelos homens a quem temos considerado como aqueles por meio de quem a luz viria. Deus anela que recebamos a verdade através dos seus próprios méritos. – porque ela é a verdade ...
“Aqueles que não têm o hábito de pesquisarem as Escrituras por si mesmos, ou de verificarem as evidências, têm confiado na liderança dos homens, e aceitam as decisões promulgadas por eles; e assim muitos rejeitarão as verdadeiras mensagens enviadas por Deus ao seu povo, se esta liderança não as aceitarem. “ - Testimonies to Ministers, pp. 106, 107.
Isto está em perfeita harmonia com a forte expressão anterior usada por Jeremias em Jer. 17:5: “Assim diz o SENHOR: Maldito é o homem que confia nos homens, que faz da humanidade mortal a sua força, mas cujo coração se afasta do SENHOR.”
“Aqueles aos quais é pregada a mensagem da verdade, raras vezes perguntam se ela é verdadeira, mas sim: ‘Por quem é ela defendida?’ Multidões a avaliam pelo número dos que a aceitam; e faz-se ainda a pergunta: ‘Creu qualquer dos homens eruditos ou dos guias religiosos?’ Os homens não são hoje em dia mais favoráveis à verdadeira piedade , do que nos dias de Cristo.” – O Desejado de Todas as Nações, pág. 459.
Não, não desejamos enfraquecer a sua confiança na verdadeira liderança. Foi o grande Presidente Abraão Lincoln que disse: “Não sou um homem obrigado a vencer, mas sou obrigado a ser verdadeiro. Não sou obrigado a ser bem sucedido, mas sou obrigado a viver de acordo com a luz que possuo. Devo permanecer com alguém que é correto, e permanecer com ele enquanto estiver correto, e separar dele quando se desviar.” Possa estas palavras serem também a filosofia de nossa vida.
CONSEQÜÊNCIAS DA LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA
“Respeitamos a Lei de Deus contida no decálogo como explicada nos ensinos de Cristo e exemplificada pela sua vida. Por esta razão observamos o dia de descanso do sétimo dia (Sábado) como tempo sagrado; nos abstemos do trabalho secular neste dia, mas empenhamo-nos alegremente em obras de necessidade e piedade a favor da assistência aos que sofrem e a elevação moral da humanidade; na paz e na guerra rejeitamos participar em atos de violência. Concedemos a cada membro de nossa igreja absoluta liberdade para servir ao seu país, todas as vezes e em todos os lugares, segundo os ditames da consciência de cada um.” - Gland, Suíça, 2 de janeiro de 1923.
ROMÊNIA 1924
“O serviço militar e a participação na guerra não estão fazendo uma aliança com o mundo, nem defendendo a Babilônia. A participação na guerra é simplesmente um dever; com respeito à guerra os nossos jovens também cumprirão o dever deles no dia de descanso.” - Prophecy, por P.P.Paulini, p.39.
YUGUSLÁVIA 1925
“O ensino da Escritura que diz: ‘Dê a César o que é de César e a Deus o que é de Deus’ corresponde aos adventistas em todo sentido. Atendem conscienciosamente ao tempo do serviço militar que é requerido deles, com armas nas mãos, na paz assim como na guerra; e um número significante de adventistas foram provados na Guerra Mundial por meio de sua coragem, e muitos trazem no peito uma medalha do mais alto reconhecimento em razão da sua bravura.” – Adventizam, p.53.
RÚSSIA 1924 e 1928
“Estamos convencidos que Deus por meio da sua providência, guiou o coração de nosso inesquecível W.J.Lenin, e deu-lhe e também aos seus companehiros sabedoria para trazer as únicas e oportunas declarações para o mundo hoje. Por esta razão os Adventistas do Sétimo Dia querem ser os melhores cidadãos na crença na República Socialista Federal. A doutrina dos Adventistas do Sétimo Dia permite aos seus membros a liberdade de consciência com respeito ao dever militar, e não tenta ditar-lhes como eles devem agir , considerando que cada pessoa deve ser responsável por si mesmo com respeito ao problema militar, de acordo com a sua própria consciência.” - Presidente H.J.Loebsack, Comitê da Conferência.
“O sexto congresso dos Adventistas do Sétimo Dia, em 1928, declara e decide que os Adventistas do Sétimo Dia são obrigados a dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus, a saber, servir o estado pelo exército em todas as formas de serviço, de acordo com a lei estabelecida para todos os cidadãos.” – Resolução tomada pela Igreja Adventista do Sétimo Dia da Rússia, Moscou, 19 de maio de 1928.
AQUI ESTÃO ALGUNS EXCERTOS DO LIVRO:
Página 18: “Nosso irmão ancião em Cristo, Otto Welp, que na Primeira Guerra Mundial sofreu quatro anos de perseguição pela sua fé, foi um dos primeiros líderes a dar um claro testemunho que não poderia participar na política, no serviço militar de forma direta ou indireta, devido ao ensino de Cristo vedando isto e os crentes foram instruídos a permanecerem afastados. Por toda parte, especialmente os irmãos dirigentes do Movimento da Reforma deram o mesmo testemunho tanto por meio da palavra quanto da escrita. Consequentemente, já em 29 de abril de 1936, o Movimento da Reforma do Sétimo Dia foi proscrito. Reproduzimos a carta do Ancião ( do Comando da Polícia para a Política), que lemos como segue: ...”
Página 27: “Em 1941, Guenter Pietz, que já mencionamos anteriormente, foi levado para o Campo de Auschiwitz devido à sua recusa de trabalhar no dia de descanso. Após seis semanas foi solto por um breve tempo. Seus pais, irmãos e irmãs não o reconheceram; todos gritaram quando viram o jovem magro. Por quase um ano pode alegrar-se na liberdade, contudo foi alistado para o serviço de mão-de-obra, onde permaneceu durante três semanas. Durante este tempo, visitou os crentes, fortalecendo-se, e regozijava-se com eles na verdade. Então recebeu a convocação para o serviço militar e foi levado para Halle, onde encontrou o irmão Pacha, seu bom amigo e companheiro cristão. Ambos começaram a combater e recusar o serviço militar. No comando de Himmler, os dois foram fuzilados no mesmo dia por causa da resistência fiel deles. Ambos foram bons amigos na vida e na morte, e ambos permaneceram firmes na confissão de fé.”
Página 53: “Os campos de concentração foram um mundo sem Deus – ainda mais, um mundo contrário a Deus. Nenhum tipo de atividade religiosa por parte dos residentes foi permitida; todo artigo religioso foi proibido; até mesmo toda oração murmurada foi proibida. Nem mesmo aos que agonizavam foi concedido este alívio. Todos os assuntos religiosos eram zombados e escarnecidos.
“Com respeito aos internos, a SS (Schutzstaffel) não sentia nenhuma restrição a nenhum dos mandamentos de Deus, nem mesmo o código natural de ética que Deus pôs no coração de todo ser humano, até mesmo nos corações dos pagãos.” -- Estudo da Reforma, Curso por Correspondência, Lição 14, "Uma Falsa Confissão". Tradução: Benedito Tenório.
Fonte: http://www.2guerra.com.br/sgm/index.php?option=com_content&task=view&id=719&Itemid=32
Genocídio em Ruanda
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Genocídio em Ruanda (português brasileiro) ou Genocídio no Ruanda (português europeu) foi um genocídio perpetrado em Ruanda em 1994 por facções de hutus que atacaram tutsis e hutus moderados.
Antecedentes
É distinguido em Ruanda dois grupos étnicos: a maioria hutu e o grupo minoritário de tutsis. Desde a independência do país da Bélgica, os seus líderes sempre foram tutsis, num contexto de rivalidade étnica agravada com o tempo devido à escassez de terras e à fraca economia nacional, sustentada pela exportação de café. Em 1989, o preço mundial do café reduziu-se em 50%, e Ruanda perdeu 40% de sua renda com exportação. Nesta época, o país enfrentou sua maior crise alimentícia dos então últimos 50 anos, ao mesmo tempo em que aumentava os gastos militares em detrimento a investimentos em infra-estrutura e serviços públicos.
Em outubro de 1990, a Frente Patriótica Ruandesa, composta por exilados tutsis expulsos do país por hutus com o apoio do exército, invade Ruanda pela fronteira com Uganda. Em 1993, os dois países firmam um acordo de paz, o Acordo de Arusha.
Cria-se em Ruanda um governo de transição, composto por hutus e tutsis.
Em 1994, as tropas hutus, chamadas Interahamwe, são treinadas e equipadas pelo exército ruandês entre arengas e ânimos à confrontação com os tutsis por parte da Radio Télévision Libre de Mille Collines (RTLM) dirigida pelas facções hutus mais extremas. Estas mensagens incidiam nas diferenças que separavam ambos os grupos étnicos e, ao passo que o conflito avança, os apelos à confrontação e à "caça do tutsi" tornaram-se mais explícitos, designadamente desde o mês de abril, em que se fez circular o boato de a minoria tutsi planejar um genocídio contra os hutus.
De acordo com Linda Melvern [1], uma jornalista britânica que teve acesso a documentos oficiais, o genocídio foi planificado. No início da carnificina, a tropa ruandesa estava composta por 30.000 homens (um membro por cada dez famílias) e organizados por todo o país com representantes em cada vizinhança. Alguns membros da tropa podiam adquirir rifles de assalto AK-47 tão somente preenchendo um formulário de demanda. Outras armas tais como granadas nem sequer requeriam desse trâmite e foram distribuídas de forma maciça.
Apurou-se que o genocídio foi financiado, pelo menos parcialmente, com o dinheiro apropriado de programas de ajuda internacionais, tais como o financiamento fornecido pelo Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional sob um Programa de Ajuste Estrutural. Estima-se que 134 milhões de dólares foram gastos na preparação do genocídio em Ruanda — uma das nações mais pobres da terra — com 4,6 milhões de dólares gastos somente em facões, enxadas, machados, lâminas e martelos. Estima-se que tal despesa permitiu a distribuição de um novo facão a cada três varões Hutus.
Segundo Melvern, o primeiro-ministro de Ruanda, Jean Kambanda, revelou [2] que o genocídio foi discutido abertamente em reuniões de gabinete, e uma ministra de gabinete teria dito que ela era "pessoalmente a favor de conseguir livrar-se de todo os tutsis... sem os Tutsis todos os problemas de Ruanda desapareceriam".
O genocídio
Evolução demográfica de Ruanda. Repara-se a notável descida na primeira metade dos anos 90 provocada pelo genocídio.
Em Abril de 1994, a morte do presidente Juvenal Habyarimana, num atentado em avião, e o avanço da Frente Patriótica Ruandesa produziu uma série de massacres no país contra os tutsis, e causou um deslocamento maciço de pessoas para campos de refugiados situados na fronteira com os países vizinhos, em especial o Zaire (hoje República Democrática do Congo). Em Agosto de 1995, tropas do Zaire tentaram expulsar esses refugiados para Ruanda. Quatorze mil pessoas foram então devolvidas a Ruanda, enquanto outras 150.000 refugiaram-se nas montanhas.
Mais de 500.000 pessoas foram assassinadas e quase cada uma das mulheres que sobreviveram ao genocídio foram violentadas. Muitos dos 5.000 meninos nascidos dessas violações foram assassinados.
A atrocidade desconheceu até mesmo casta religiosa. Durante a violência étnica, muitos clérigos de várias denominações se posicionaram a favor de sua etnia. Padres, freiras, pastores e bispos tomaram o seu partido em ambos os lados. Pelo menos 300 clérigos e freiras foram mortos por serem Tutsi, ou porque estavam ajudando os Tutsi. Outros da etnia Hutu, apoiaram ou até mesmo participaram ativamente, colaborando com os matadores.
Um dos casos se tornou muito conhecido. Foi o que envolveu um médico missionário e seu pai, um pastor protestante.
O Tribunal criminal internacional, teve voto unanime contra o Dr. Gerard Ntakirutimana, 45, médico missionário que exercia a medicina no hospital pertencente a Igreja Adventista do Sétimo Dia de Mungonero, foi condenado por genocídio e por crimes contra a humanidade e sentenciado a 25 anos de prisão pela morte de duas pessoas e por atirar em refugiados Tutsis em vários locais. Ele foi condenado por fazer parte de ataques contra Tutsis na Colina de Murambi e Colina de Muyira em várias datas.
O Pr. Elizaphan Ntakirutimana, 78, pai do Dr. Gerard Ntakirutimana e pastor presidente da associação da Igreja Adventista do Sétimo Dia em Mugonero, no oeste de Rwanda foi condenado a 10 anos de prisão por crimes menores. O Pr. Elizaphan levou os atacantes para Igreja Adventista de Murambi em Bisesero onde era pastor presidente e ordenou a remoção do telhado do edifício, a fim de localizar os tutsis que lá estavam abrigados. O ato conduziu às mortes de muitos dos que estavam no local. Ele também levou os atacantes a vários locais para localizar e matar tutsis.
De acordo com a BBC, centenas de tutsis dentre membros e pastores, que procuraram refúgio na igreja e no hospital Adventista, enviaram uma carta ao Pr. Elizaphan Ntakirutimana pedindo socorro. A carta, segundo a BBC incluia a frase:
Caveiras de vítimas mostram marcas e indicações de violência.
" Nós desejamos informar-lhe que amanhã seremos mortos juntamente com nossas famílias".
A resposta do Pr. Elizaphan Ntakirutimana foi que eles deviam se preparar para morrer. As Milícias de Hutu, segundo as testemunhas chegaram pouco tempo depois com ambos os Ntakirutimanas. Só alguns Tutsis sobreviveram a agressão. Os Ntakirutimanas disseram no tribunal que eles tinham deixado a área antes das matanças.
O Pr. Elizaphan Ntakirutimana fugiu para os Estados Unidos depois das matanças, mas foi extraditado para a Tanzânia.
Outro adventista foi o responsável pela salvação de 1.268 tutsis e hutus, abrigando-os no Hotel Mille Collines em Kigali. Paul Rusesabagina ficou mundialmente conhecido ao ser retratado no filme Hotel Ruanda. Paul Rusesabagina, residente na Bélgica, afirma que se não forem tomadas posturas duras contra o Tribalismo em Ruanda o genocídio poderá voltar a ocorrer novamente, pelas mãos dos tutsis, "governantes" do país desde o fim da matança. O humanitário é conhecido como o Oskar Schindler de Ruanda, feita a comparação com o membro do regime nazista que salvou milhares de judeus durante o Holocausto.
O ICTR já realizou nove ju
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